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A Casa

Querido leitor, antes de começar este conto, devo lhe perguntar, alguma vez você leu um livro técnico ou um manual? Pois bem, tenha mente que eu estou mais para um manual do que um exemplo. Explico isso, pois alguém deve dizer, será que ele faz isto na vida dele ou ele é do tipo que faça o que eu falo, mas não o que eu faço?
 
Um jovem recém formado em engenharia civil, abençoado com uma volumosa herança que seu pai havia lhe deixado, não sabe porque, resolveu construir imoveis, com apenas um objetivo. Serem imoveis vividos.
 
Uma das primeiras casas que ele reformou, levou inexplicáveis cinco anos, custou o triplo que deveria custar. Com o intuito de alugar.
 
Porém um dia chegou um homem que queria comprar a casa, o engenheiro que não queria vender de maneira alguma, ofendeu o comprador, dizendo que ele não teria o valor justo da casa, o homem, um policial com pouco mais de cinco anos de farda, saiu cuspindo fogo e uma semana depois e mandou o engenheiro dar o preço, então o engenheiro disse, que a casa valia oitocentos mil reis ou ele faria por seiscentos mil reis mas se o policial cumprisse apenas uma regra.
 
Uma vez vendida a casa, o engenheiro não poderia desfazer o negocio, mesmo que o comprador não fizesse tal regra, mas para fins de curiosidade, o policial perguntou, qual seria a única regra.
 
O engenheiro construiu uma boa empresa de construção e pesquisa para construção, tinha em seu portfólio mais de duzentas obras bem sucedidas e uma ou outra que ele desistiu.
 
Para o policial, o engenheiro fez mais duas casas, cada um para um filho do policial. Só faltava a casa do caçula.
 
Um dia, cinquenta anos depois da primeira casa vendida, o engenheiro estava na recepção de sua loja, quando avistou um senhor de quase oitenta anos caminhando ao lado de uma senhora de cabelos brancos em direção a ele, logo ele avistou um dos seus funcionários e pediu que ele dissesse que não havia café e pão duro na loja. E se escondeu atrás de uma mesa. Como uma criança.
 
Assim que o o senhor entrou na loja, acompanhado de sua senhora, o funcionário foi ao seu encontro, mas a mulher do engenheiro, que tinha visto o que o marido estava tramando, foi de encontro ao senhor e a senhora.
 
- Bom dia.
 
- Bom dia, vim falar com o dono dessa empresa, o senhor …
 
- Não tem café e nem pão duro para o senhor hoje aqui. – disse o funcionário.
 
Antes que o senhor pudesse dizer algo e mulher do engenheiro pudesse se desculpar, ouviu se um risada alta e depois abafada vindo atrás de uma mesa.
 
A mulher do engenheiro viu as moças da recepção que estava atrás de uma mezanino tampando a boca para não rir, logo entendeu que seu marido estava pregando uma peça no senhor e na senhora.
 
- Foi o idiota do meu marido que pediu para você fazer essa piada de mal gosto?
O funcionário envergonhado consentiu com a cabeça e saiu.
 
E atrás da mesa o engenheiro ria muito, com as mãos tampando a boca.
 
Por causa daquela confusão, o diretor de negócios da empresa e filho do engenheiro foi ver o que estava acontecendo acompanhado de um presidente de uma encorporadora japonesa e ao ver as recepcionistas rindo e seu pai se contorcendo na cadeira de tanto rir, pegou um extintor de incêndio de co2 e disparou contra seu pai que parou de rir, assustado.
 
- O senhor ficou louco depois de velho? Alias, sempre foi louco, mas eu estava em uma reunião.
 
O engenheiro assustado levantou-se e o velho que estava na porta começou a dar gargalhadas, as recepcionistas e o presidente da encorporadora que quase sempre era serio, começou a rir.
 
- Pare de rir as duas, ou mando as duas embora. – disse o diretor saindo.
 
As duas colocaram a mão na boca. Mas não aguentaram muito tempo, pois o engenheiro começou a rir junto com o velho.
 
A senhora que o acompanha o senhor não achando graça, pegou o extintor que estava no chão e jogou o CO2 nos dois.
 
- Venha minha amiga, vamos para o café. Deixa essas duas crianças ai.- disse a mulher do engenheiro. – Meninas vão lavar o rosto. – disse ela olhando para as recepcionistas.
 
- Como vai meu amigo, já faz dez anos que eu não lhe vejo.- disse o engenheiro olhando para o policial.
 
- Vim convidar você e sua família para um encontro com poucos amigos em minha casa.
 
- Na sua casa? A casa…
 
- Sim meu amigo, apesar de ser um encontro para comemorar o cinquenta anos de casados, não me dar mais nenhum presente.
 
- Vai muita gente?
 
- Não, poucos amigos. A grande festa, será em um salão que meus filhos vão fazer, eu vou, porque é minha família, mas acredito que o amigo não queira ir, mas se quiser …
 
- Vou a sua casa. E vou levar um presente.
 
- Quem lhe deve presentes sou eu, não encareça mais a minha divida.
 
- Fez o que eu e o pastor lhe dissemos?
 
- Tentei. Consegui algumas vez, outras não.
 
O presidente da incorporadora que assistia tudo, disse:
 
- Deixa eu me apresentar, sou Samuel San e o que me parece, este safado lhe fez uma casa, quero dizer a casa?
 
- Sim. Ele fez uma casa para você também?
 
- Não. Ele me fez duas casa. Mas, apesar de tratar ambas iguais, só tem uma que é a casa. Posso lhe mostrar.
 
Naquele fim de dia, Samuel San, seu filho Felipe San, o engenheiro e seu filho, o policial e sua esposa foram visitar a primeira casa de Samuel.
 
Um sobrado, gigante, quatrocentos e cinquenta metros de área construída, garagem subterrânea, três andares, cada andar com um área de construção diferente, um quintal gigante e uma piscina .
 
Ao entrar na casa, salas gigantes, uma cozinha grande, com uma sala de jantar lindíssima, escadas, quartos magníficos, apenas dois não tinha suíte, um rancho no fundo ao lado piscina e um escritório abençoado, de outro mundo. Pedras nas paredes internas, porcelanato no chão e mármores na mesas, pias, ilhas, cubas e etc, mostrava a importância da casa.
 
Os olhos do policial e de sua esposa estavam brilhando. Nunca poderia ter aquela casa.
 
- Essa casa é para meus amigos, diretores, engenheiros, amigos dos meus filhos. Para o trabalho do dia a dia.
 
- É uma boa casa. – disse o policial.
 
- É uma casa lindíssima. – disse a mulher do policial.
 
- Agora podemos ver a minha casa, a casa? – perguntou Samuel.
 
- Sim. – disse o policial.
 
Dez minutos de carro, saíram de um bairro chique e chegaram em uma bairro de classe media. Casas bonitas, jardins bem cuidado, um mercado de esquina e lá estava ela. Uma casa simples, com um muro simples, um garagem para dois carros, devia ter cem metros de área de construção, não tinha piscina, mas tinha um rancho e uma churrasqueira simples. Na frente da casa, tinha um simples jardim, um banco e uma pedra no frente.
 
Samuel limpou os pés no tapete, limpou as mãos em um pequeno chafariz de água corrente onde os pássaros bebia água.
 
O policial e sua mulher com os olhos cheio de lagrimas, ao verem no batente da porta, um sulco de uma mão que todos os dias era colocada ali.
 
Samuel colocou a mão sobre aquele sulco e a porta abriu-se, um fragrância leve e refrescante saiu da casa e Samuel e seu filho sorriram.
 
Samuel colocou o pé direito primeiro e depois o esquerdo, andou meio corredor, virou-se e olhou para o policial, que parou diante da porta, curvou-se à casa e pediu permissão para entrar.
 
- Desejo que todo amor seja semeado aqui, que toda cura seja feita aqui, que toda energia que seja alimentada aqui, que toda prosperidade seja feita a partir daqui e que Deus possa habitar essa casa por todo tempo que ela existir.
 
- Amigo, seja bem vindo a minha casa. – disse Samuel ao lado de sua filha e sua mulher.
Antes de entrar a esposa do policial, curvou-se em frente a casa e repetiu as palavras de seu marido. Como seu marido, colocou primeiro o pé direito e depois o esquerdo.
 
O engenheiro e seu filho, não entraram na casa e foram embora.
 
A casa era simples, sala simples, cozinha simples, quartos simples, banheiro simples e uma suíte simples.
 
Foi uma noite agradável, jantaram, conversaram até no momento que o filho do engenheiro veio com seu carro buscar o casal.
 
O policial virou-se de costa na soleira da porta, pisou com o pé esquerdo primeiro fora da casa e depois o direito, curvou-se para casa e agradeceu e abençoou todos que estavam ali. Sua mulher fez igual. Antes de sair olhou para o banco e sorriu.
 
Samuel e sua família, agradeceram e energizados com aquele encontro foram dormir.
 
Na noite da festa, havia poucas convidados, todos sentados em frente a entrada da casa, estavam lá Samuel e sua família, o engenheiro e sua família, alguns amigos de vida da família do policial, o pastor e sua família e um o outro amigo policial e poucos familiares. O policial se levantou, tilintando um colher no taça de champagne, todos ficaram em silencio.
 
- Quero agradecer algumas pessoas que estão aqui.
O engenheiro, arrumou sua roupa dizendo a sua mulher que aquela homenagem seria para ele.
 
- Primeiro quero agradecer aos meus amigos que viveram muito tempo comigo e com minha esposa, aguentando os bons e os não bons momentos.
Também quero agradecer aos meus filhos e aos seus parceiros de vida, obrigado por entrar em nossa família.
 
- Quero agradecer há um irmão que a vida me deu. Não, irmão não, um anjo.
 
O engenheiro, disse sussurrando, que aquele era ele. O anjo. Era ele.
 
- Pastor Daniel, o senhor e sua família são de longe, a benção que Deus colocou em nossas vidas.
 
O engenheiro com uma expressão de espanto.
 
- Por fim quero agradecer a minha esposa que viveu comigo por todos esses anos. Você foi o presente que Deus me deu. – disse chorando.
 
A mulher do engenheiro colocou a mão sobre as mão do marido, confortando ele.
 
O policial e sua senhora deram um beijo para foto e depois tiraram fotos.
 
O encontro estava quase acabando, quando o policial chamou a atenção de todos.
 
- Falta eu agradecer um idiota …
 
A esposa do engenheiro olhou para o marido que com gestos mostrou que não era ele …
 
- … um idiota que me vendeu, me vendeu não, me roubou …
 
O engenheiro arregalou os olhos.
 
- … essa casa valia quatrocentos reis e ele queria me vender por oitocentos reis e …
 
O engenheiro sussurrou olhando para ele: “Negócios”
 
- … mas me vendeu por uma simples regra que eu disse que faria só para comprar a casa ...
 
- Ai, vintão que seu pai vai chorar . – disse o engenheiro.
 
- Cinquenta . – disse o filho mais velho do policial.
 
Alguém gritou duzentos.
 
O policial de pé em frente de todos, limpou os olhos e continuou.
 
- … uma regra simples.
 
 
De volta ao tempo, há quase cinquenta anos atrás, de posse da chave, o jovem engenheiro sentado no banco do jardim viu o policial de farda chegar sozinho.
 
- Sente-se aqui.
 
- Vim a negócios e não tenho tempo para isso. Vamos acabar logo com isso.
 
- Vai me dar os oitocentos?
 
O jovem policial sentou no banco:
 
- Quais são suas regras?
 
- Regra. Uma única regra.
 
- E qual é?
 
- Trate essa casa, com um membro de sua família.
 
O policial queria rir, mas a educação não lhe permitia.
 
- Se você alimentar ela com amor, ela vai te devolver amor, se alimentar ela com esperança, ela vai te alimentar com esperança, se alimentar ela com perdão, ela vai te alimentar com empatia, se alimentar ela com gratidão, ele vai te alimentar com gratidão. Se alimentar ela com os ensinamentos de Jesus e Buda, ela vai te dar a chave do universo.
 
O policial não sabia o que dizer.
 
- Lhe cobrei o valor justo, esta casa te pagara ao longo do tempo cem vezes mais, não lhe cobrei este banco e nem esta pedra e na sua frente, nem mesmo mesmo esta pedra ao lado do banco afundada vinte e cinco metros no chão.
 
Ao ver a pedra o policial leu. Ultima parada para respirar. Três, dois, um …
 
O engenheiro deu a chave na mão do policial e disse:
 
- Estou dando a casa para você e você para casa, não precisa ser hoje, mas peça permissão para entrar na casa.
 
Levantou-se e foi embora.
 
O policial nunca soube explicar, mas voltou para o trabalho e retornou para a nova casa, sentou no banco e com um bíblia evangélica, nova, sem uso, mas que estava com ele há muito tempo, orou. E foi para a casa de aluguel que morava e fez isso todos os dias, depois com sua mulher, até que um dia, se ajoelhou em frente a porta da casa, tocou com a mão direita na parede e depois de orar, junto com sua mulher, pediu permissão para entrar na casa. Ao colocar a mão no bolso, percebeu que esqueceu a chave. A chuva começou a cair e ele disse a mulher que esquecera a chave em casa e que voltaria no outro dia, mas então a porta se abriu e um vento fresco, calmante e uma fragrância os encontrou no portão. O policial foi até a soleira de entrada e ia entrar com o pé esquerdo, lembrou-se e colocou o pé direito e entrou e seguiu para dentro, olhando sua nova casa. Mas nenhuma porta se abria, nem mesmo um gaveta, aonde deveria estar as outras chaves. Ele voltou e passou reto pela porta que fechou logo atrás dela.
 
- Mas o que?
 
- Peça de novo. – disse a esposa.
 
- Casa abra a porta.
 
E nada.
 
- Casa abençoada.
E nada.
 
A mulher sentou no banco, olhou a pedra e riu.
 
- Mas que diabo mulher, do que esta rindo, essa casa é …
 
- Sente-se aqui homem, comigo. – disse ela estendo a mão para ele.
 
Ele sentou ao lado da mulher, olhou para pedra e riu.
 
Pediu desculpas a casa, foi até a porta, ajoelhou-se e tocou no mesmo lugar, a porta se abriu e ele quando ia entrar a porta começou a fechar e ele olhou para mulher que se ajoelhou e pediu permissão para entrar. A porta voltou a se abrir e todas as portas sem abriram, menos a do casal.
 
- Porque todas se abriram menos a nossa? – perguntou o policial.
 
- Casa eu te amo. – disse a esposa.
 
- Ama essa casa?
 
- Sim.
 
- Porque?
 
- Ela sabe que eu sou sua esposa e você?
 
- Como assim?
 
- Você nunca me carregou no colo. – disse ela sentando em um cadeira simples.
 
- Mas da onde surgiu essa cadeira.
 
Turrão saiu e foi para fora, logo que ele saiu a porta se fechou.
 
- Casa, ele turrão mas eu amo, ele aprende. – disse a esposa indo até a porta. Virou-se de costa para a soleira, desceu o pé esquerdo para fora e depois o direito, curvou-se para a casa e agradeceu.
 
A fragrância tomou conta dos dois ele a tomou no colo, a casa abriu a porta do casal, ele colocou o pé direito e depois o esquerdo e a levou até o quarto.
 
- Podia ter uma cama aqui. – disse ele colocando a mulher no chão.
 
Podia se ouvir a Casa rindo.
 
De volta a festa
 
 
- … regra simples, que muitas vezes eu queria pedir meu dinheiro de volta, quantas vezes sentei naquele banco querendo matar um, quantas vezes minha mulher sentou naquele banco com um frigideira na mão querendo acertar na minha cabeça, ah, meu Deus, quantas vezes, sentamos eu e ela com cinto na mão, querendo matar nossos filhos …
 
E todos, com os olhos cheios de lagrimas.
 
- Mas, seu idiota, entendi, entendi porque alimentamos a casa que vivemos.
Minha mulher teve câncer, as crianças ainda eram pequenas, eu tinha medo que ela morresse e não é como hoje, com tantos tratamentos e ela .- ela segurou na mão dele. – tinha que ficar no hospital e um dia os médicos disseram para levar ela de volta para casa, para passar os dias com os filhos e aproveitar os últimos dias com a família. – ele secou ou tentou secar as lagrimas dos olhos – Chegamos em casa, ela sentou naquele banco, orou junto com a família e deitou doente.
 
- Ganhei os duzentos .- disse o engenheiro, que logo tomou um tapa da esposa.
 
- Idiota. – disse o policial aposentado chorando. – Ela deitou doente e quando acordei ela não estava mais na cama, procurei ela no banheiro, mas a vi na cozinha preparando minha comida e os lanches das crianças. Pedi que ela voltasse para o quarto e ela disse:
 
- Meus cabelos .- disse ela chorando de alegria.
 
- O que tem seus cabelos. Quando eu olhei para a careca dela e vi um cabelo ralo crescendo, ajoelhei no chão e agradeci a Deus. Logo soubemos que ela estava curada. Dois anos e ela estava curada,
 
- Então fui procurar esse idiota. – apontou para o engenheiro. E depois do que eu disse a ele, ele me perguntou, o que eu dei de alimento para minha casa? Então eu lembrei de todas as coisas que passei com minha esposa e minha família na minha casa e entendi que a minha Casa e trato ela com uma pessoa, devolve tudo que eu dou a ela e sempre demos amor e ela nos deu amor em forma de cura. Talvez ninguém acredite no que estou falando, mas hoje estamos fazendo cinquenta anos de casado e eu estou com oitenta, minha esposa também. Dei ao meu filho mais velho sua Casa, a minha menina, a sua casa e de comum acordo, estou passando a minha amiga e minha parceira de vida, que chamo de Casa, para o meu caçula e sua esposa.
 
Tanto o mais velho e a filha do meio já estava ciente e já tinha concordado com a passagem da casa para o caçula, que era mais ligado a Casa que os dois.
 
- Mas para isso, preciso que o idiota permita.
 
- Eu? Porque eu? A casa é de vocês.
 
- Espero que eu e minha esposa possamos morar aqui até o fim de nossas vidas, mas não teremos mais força para cuidar dela – disse olhando para a casa – como ela deve ser cuidada.
 
- Eu entendo. – disse o engenheiro.
 
Olhou para o jovem casal, apontou-lhes a porta e disse:
 
- Samuel, Pastor, policial, família .- todos se levantaram. – Deem suas mãos.
 
Em uma oração:
 
Que esta casa seja um casa de amor, oração, perdão e de energias boas,
Desejamos que todo amor seja semeado aqui, que toda cura seja feita aqui, que toda energia que seja alimentada aqui, que toda prosperidade seja feita a partir daqui e que Deus possa habitar essa casa por todo tempo que ela existir.
 
A porta da casa fechou-se, a mulher do caçula começou a chorar.
 
- Senhor Antunes Freitas e Senhora Ana dos Santos, casados há cinquenta anos, coloque a mão marca do tempo. – o policial e sua senhora colocaram a mãos uma sobre a outra sobre a marca do tempo, tempo de chorar, de agradecer, das derrotas e das conquistas, da felicidade e da alegria, como o tempos escuros, ciente de que a Casa que os protege com boas energias, também os curam das não boas energias, porque as energias ruins ficam da porta para fora. Todas as lembranças vieram em um segundo. – Ricardo Josué Antunes e Isabella Silva Antunes, coloque suas mãos sobre à de seus pais Ricardo. – Isabella quando tocou nas mãos de seus sogros, junto com seu marido, viu a porta da casa se abrir e sentir a fragrância que tanto eles falavam e de ante ao seus olhos, como foi de sua sogra, um espirito no meio da sala, de ante da porta, um espirito de luz que era feminino abria os braços para receber os dois em sua, sua não, na Casa.
 
Depois de terminados as palavras, o Pastor orou e todos seguiram a oração,
o engenheiro ficou em silêncio, pegou a foto velha de seus pais e disse:
 
- Obrigado.
 
Diz a lenda que o senhor Antunes na noite antes de nos deixar, saiu e sentou-se no banco pediu perdão de todas suas faltas, ajoelhou-se por uma ultima vez em frente a porta, agradeceu por tudo, entrou e deitou-se para não mais acordar. Aquela manhã foi um dia triste.
 
Era um dia frio, muito frio, mas quando a família entrou dentro da Casa, a Casa estava aquecida de amor e saudades.
 
Os netos chegaram, o rito foi o mesmo e aos noventa e oito anos, a senhora Ana levantou-se de sua cadeira, ajudada pela sua nora, sua filha e uma neta foi até o banco do lado de fora, sentou-se, e as três a deixaram sozinha. Então ela rezou, pediu perdão pela suas faltas, chamou sua neta e as três foram até ela, levaram ela para dentro, deram banho nela, a deitaram na cama e no outro dia, ela não estava mais com eles.
 
Como foi com o senhor Antunes, foi com ela. Era um dia frio e a a Casa estava aquecida com amor.
 
 
Como eu disse, sou como um manual técnico, as vezes obsoleto, antigo, com folhas rasgadas, envelhecido pelo tempo, talvez escrito há mais de dois mil anos ou mais, mas ainda sim um manual. Você lê se quiser e usa se quiser.
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Atualizado em: Seg 10 Mar 2025

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