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A celestial dança das Almas Companheiras
Quando a madrugada trina sua entrada, eu rodopio na cama, nu em pelos orvalhados. Beijo o segundo travesseiro, enquanto acaricio as dunas pulsantes do lençol desfeito. Eu ainda não sei o seu nome, mas sinto sua melodia a implorar mil beijos do meu cavanhaque desgrenhado. Desperto, eu quero chorar de alegrias e rir da ansiedade, tudo em simultâneo. Sinto que a visão nos persegue. Eu sei que açoitamos todos os anseios viajantes na linha prata que une os nossos destinos. Um sabe da (nova) existência do outro. Só não compreendemos qual é o Motivo Maior que impede a fusão dos nossos corpos em êxtases nirvânicos. Minha única certeza? É sentir que quando finalmente nos encontrarmos, serei eu a tocar na sua barba e roubar seu primeiro sorriso não mais tímido. E será sua jovial língua a navalhar minha boca grisalha em histerias não mais veladas... durante a celestial dança das Almas Companheiras.
Atualizado em: Qua 12 Abr 2023